BB e Caixa devem ser escalados para sair na frente com a revisão dos preços cobrados pelos serviços.
Novo empurrão: Mantega pode voltar a falar com os bancos após retornar das férias, na sexta-feira |
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal devem ser escalados para sair na frente com a revisão para baixo de suas tabelas de preços cobrados pelos serviços oferecidos.
A avaliação do Palácio do Planalto é a de que os valores praticados atualmente são muito elevados e poderiam cair significativamente. A estratégia atinge o calcanhar de Aquiles dos bancos por afetar toda a clientela, e, não, apenas aqueles que buscam financiamento ou usam a linha do cheque especial.
"Cada vez mais é preciso ter consciência de que vamos nos aproximar dos níveis de normalidade nesse mercado de crédito", ressaltou uma fonte do governo sob o compromisso de anonimato.
O governo viu que apenas a exposição das tarifas bancárias no site do Banco Central, atualizada diariamente, não surte o efeito desejado, ou seja, de forçar a queda pela perda de correntistas.
Dados do BC mostram que, na média, as instituições cobram das pessoas físicas a cada transferência de recursos pela internet R$ 12,83, se for por meio de Documento de Crédito (DOC), e R$ 13,68, para Transferência Eletrônica Disponível (TED).
Nas operações de crédito e arrendamento mercantil, a taxa média é de R$ 98,50, podendo chegar a R$ 2.000,00 na ponta máxima.
Menos juros
Quanto aos juros, o governo avalia como positiva a iniciativa das maiores instituições financeiras na direção de reduzir suas taxas, porém, a velocidade não está a contento.
Por isso mesmo, avalia-se que a pressão por uma nova queda deve voltar à carga em breve. Ainda não está definido se a estratégia será pública, com discursos das autoridades nessa direção, ou se o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, dará os usuais telefonemas para os principais banqueiros da praça.
Aliás, antes mesmo de sair de férias - das quais retorna no próximo dia 27 - o ministro já havia dado indicações ao seu pessoal no intramuros da pasta de que voltaria a falar com as instituições financeiras por acreditar ser necessário um novo empurrão.
Afinal, historicamente, os bancos anunciam as reduções de seus juros na esteira da flexibilização monetária. Como o ciclo, ao que tudo indica, está próximo ao fim com mais uma ou duas reduções da taxa básica de juros, a Selic, a janela de oportunidade poderia estar fechando.
É claro que, avalia a fonte, nada impede que tanto o BB quanto a Caixa ainda sigam puxando as filas das reduções mais adiante.
"O importante é liderar o movimento. O Banco do Brasil, como tem capital aberto, é preciso ter um certo cuidado, mas o importante é ele puxar o mercado. Já a Caixa tem condição de ficar mais distante do juro que é cobrado pelo mercado".
O entendimento é o de que a ação usando os bancos públicos só vai favorecer uma mudança estrutural. Não vê perigos em relação à inadimplência para essas instituições ou mesmo da falta de capital para cumprir as exigências prudenciais.
O próprio secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, garantiu no mês passado em entrevista ao Brasil Econômico que, se necessário, dinheiro não faltará para capitalizar os bancos públicos.
O governo acredita que o movimento vai gerar é crédito barato, mais saudável e as pessoas vão ter muito mais condições de pagar. Um dos pontos discutidos é que justamente as taxas altas ajudam a proporcionar o calote.
Procurados pela reportagem, a Caixa não retornou; o BB e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), por meio de suas assessorias, disseram que não iriam se pronunciar.
Comentários